quarta-feira, 8 de abril de 2009

Pesquisar e Pechinchar para economizar


Essas duas atitudes tradicionais continuam sendo eficazes na hora de reduzir os custos com as compras essenciais para a família. Aplicadas em parceria a um planejamento, trazem bons benefícios ao bolso
A feira na casa dos Andrade é realizada uma vez por mês. Normalmente, mãe, pai e as duas filhas tiram um sábado para encarar uma pequena maratona. Visitam pelo menos quatro supermercados diferentes, em busca de promoções e preços baixos. O mercadinho localizado próximo à residência da família também virou parada obrigatória, especialmente para frutas e verduras, compradas semanalmente. Marcas de tradição ainda têm espaço na lista de compras, mas se o preço não for atraente são substituídas sem cerimônia. “Foi através da pesquisa de preço que a gente pôde economizar mais e aproveitar para adquirir itens considerados de luxo, como salmão e bacalhau”, complementa Maria da Conceição Andrade.
Gastos essenciais como a feira ou a compra de remédios parecem ser difíceis de ser controlados, justamente por serem tão necessários. No entanto, a atitude dos Andrade é o melhor exemplo, segundo consultores e analistas financeiros, de como cortar a ”gordura” dessas despesas. Garimpar preços baixos, barganhar descontos e estar atento às promoções são atitudes tradicionalmente recomendadas e que continuam se mostrando eficazes como maneiras de economizar.
“Tudo começa com uma lista de necessidades e prioridades conduzida com sensatez. O planejamento conduz a solidez. Na época da inflação, o dinheiro parecia não valer nada. Hoje em dia se percebe uma mudança nas pessoas, que estão mais cuidadosas ao usar suas finanças e, por isso, pesquisando mais”, pondera a consultora e autora de livros sobre educação financeira Cássia D’Aquino.
“É hora de avaliar se se deslocar até um supermercado vale a pena, se não é possível encontrar o mesmo artigo no mercadinho do bairro. Há uma tendência de realizar compras em menor quantidade, sem falar na volta da fidelização do cliente, com estabelecimentos onde o vendedor e o comprador se conhecem. Quem está controlando seus gastos vai pensar duas vezes antes de realizar uma compra, ainda que essencial”, constata o especialista em finanças pessoais e autor de publicações sobre o tema Gustavo Cerbasi.
E há espaço ainda para a criatividade. Quando a carne subiu vertiginosamente de preço, Conceição não teve dúvida. Passou a investir em receitas que levassem menos o ingrediente. Biscoitos recheados e refrigerantes deram lugar no cardápio da família a frutas e sucos, mais saudáveis e baratos. O melhor é que todas essas mudanças ocorreram sem maiores traumas. Porém, o caso mais curioso foi o dos ovos. O produto começou a ficar mais caro desde o primeiro semestre de 2008, reflexo da alta do trigo e da soja, principais componentes da ração de frangos e galinhas. “Vi que no mercado público de Boa Viagem os preços eram mais interessantes e, ainda por cima, tinha a oportunidade de escolher um por um, levando os mais bonitos e maiores”, conta.
Adotar ações de consumo sustentável também se mostra uma boa saída para equilibrar os gastos considerados essenciais. Pesquisa do Instituto Akatu mostra que no Brasil 30% dos produtos perecíveis de uma feira são desperdiçados. “Em compras feitas para uma família de quatro pessoas, isso representa, em média, mais de R$ 60 por mês. Esse dinheiro jogado fora poderia ser aplicado em uma caderneta de poupança para se resguardar nesse momento de crise”, alerta a gerente de operações do Instituto, Heloisa Torres de Mello.
Não há uma fórmula pronta para reduzir os gastos com supermercado, mas há alguns detalhes que podem fazer a diferença. Uma dica é evitar as escapulidas nas gôndolas, se atendo à lista de compras feitas com base no que falta na dispensa. E, acreditem, fazer as compras com fome pode levar a mais gastos. O consultor da IGF Consultoria Alexandre Lignos aconselha ainda a manter uma rotina de compras após ter adquirido uma certa experiência e identificado quais os estabelecimentos que praticam os menores preços com regularidade.
No caso dos remédios de uso permanente, se a condição está favorável no mês e o valor atraente, por que não fazer uma compra maior, que permita passar mais tempo sem voltar à farmácia. Vale também consultar o médico sobre outros tipos de tratamento. Fitoterápicos e formulados costumam ser mais baratos.

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